ROUBO E DESTRUIÇÃO

22 de Janeiro / 21h / 2022

Capela de Sant’ana

No rescaldo da Batalha do Bussaco, há uma família – ou o que restou dela – da Mealhada que tenta sobreviver da única forma que consegue: procurando abrigo não solicitado na Capela de Santa Ana, esperançosa de conseguir sobreviver a mais uma noite, numa altura em que a esperança de sobrevivência da arraia-miúda desta terra é irrisória.
Neste episódio, podemos assistir a um exemplo do que foram algumas das atrocidades levadas a cabo pelas tropas francesas que se alojaram na Mealhada, nos tempos que se seguiram à batalha do Bussaco. A destruição em massa das nossas propriedades, a apropriação, desvalorização e violação de terrenos sagrados e o furto dos poucos bens que ficaram para trás, são alguns dos atos que definem as consequências desastrosas que a nossa população teve que enfrentar.

Evento Município da Mealhada

Criação Caixa de Palco

Produção NOC Teatro

Ficha Técnica e Artística:

Direção Artística Marta Pires

Dramaturgia e Encenação João Tarrafa

Produção Filipa Almeida

Assistência de Produção Rosa Gonçalves

Elenco Diogo Binnema, Iúri dos Santos, Marta Pires

Participação Especial Afonso Pires, Tomás Pires

Sonoplastia João Tarrafa

Fotografia de Design Ana Pedro Coleta

Fotografia de Cena Carlos Gomes

Plano de Comunicação, Divulgação e Design Gráfico Ana Pedro Coleta e Tiago Pereira

Design e Operação de luz Dino da Costa

Operação de Som A Força da Música: Ricardo Rosa

Direção de Cena: Rosa Gonçalves

Frente de sala: Manuela Fernandes // Cruz Vermelha – Jéssica Vitorino e os socorristas Jorge Semedo e Armando Pinto // Divisão Turismo e Cultura da Câmara Municipal da Mealhada

Apoios Prestados Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, Cruz Vermelha e Associação Aquiles

Esta é a Casa do Senhor, firmemente edificada em 1716.

“Foi nesta época que foi construída a Capela de Santa Ana. Não se sabe quem a mandou construir, nem com que fundos, nem por quem ou de que forma. Sabe-se apenas a data e porque alguém teve a inteligência de a inscrever no friso da padieira da porta principal: 

HEC EST DOMVS DOMINI FIRMITIR EDIFICATA / ANNO 1716″

De facto, não temos ao nosso dispor uma grande quantidade de informação histórica sobre esta capela, como gostaríamos. Muito do que se julga saber sobre ela é baseado em suposições, sem muitos documentos que as comprovem.

No entanto, sabemos que Santa Ana era a avó de Jesus Cristo, e isso basta-nos para partir desse ponto e conceber um peça de Teatro com tronco e membros. A cabeça, com certeza o público a levará por nós na noite de apresentação do espetáculo.

Não sabemos de nenhum acontecimento impactante associado à Capela de Sant’ana, à exceção da sua derrocada aquando do lendário terramoto de 1755. Ou antes: sabemos de um outro, que neste sétimo episódio retratamos, mas esse acontecimento não ficou eternizado no tempo, pelo que permitimo-nos ficcionar neste episódio mais do que ficcionámos nos anteriores – deixando, no entanto, intacta a essência daquilo que nos interessa falar neste projeto.

Essa falta de informação serviu para que a imaginação fosse dirigida para caminhos menos condicionados pela obrigatoriedade de um rigor da recriação histórica de um determinado facto ou acontecimento. Essa maior liberdade relativa ao conteúdo permitiu-nos abordar um ou dois temas menos sugeridos em espetáculos históricos, e colorir matérias que habitualmente são retratadas, muito simplesmente, em tons de preto e branco.

Tudo isto levou-nos a uma simplicidade na abordagem do episódio e nos recursos nele utilizados em comparação com os anteriores, enquanto lançávamos a pergunta a nós próprios: conseguiríamos fazer tão bem ou melhor com pouco, ou é sempre necessário ter muito, usar muito?

Para informações mais concretas e estruturadas acerca deste edifício, recomendamos o livro de onde retirámos a citação do primeiro parágrafo deste texto. “300 anos da Capela de Santa Ana”, de Nuno Castela Canilho, que é também o pai do projeto “Terra Queimada: Invasão e Resistência”.

Bibliografia

“300 anos da Capela de Santa Ana”, de Nuno Castela Canilho.

“Memória das invasões francesas em Portugal”, de Tereza Caillaux de Almeida.

“Pampilhosa – Uma terra e um povo” – Grupo Etnográfico de Defesa do Património e Ambiente da Região da Pampilhosa, ed. lit.