(…) Os Desertos eram em geral lugares isolados e agrestes onde se construía um complexo de ermidas que eram como que uma representação das grutas dos anacoretas… ou onde se aproveitavam grutas realmente existentes. Os Desertos possuíam também um convento com a respectiva igreja, que centralizava toda a vida monástica através da celebração da missa, da localização de um refeitório, uma portaria e outras dependências conventuais.
“Buçaco – O Deserto dos Carmelitas Descalços”, de Paulo Varela Gomes
A história da magnífica Mata do Bussaco começa, justamente, na vontade dos frades Carmelitas Descalços de encontrarem um Santo Deserto onde a sua Ordem se pudesse pacificamente instalar e dedicar-se à contemplação da Natureza, à penitência e à oração, numa relação cada vez mais estreita com Deus.
Em 1628, o desejo da Ordem foi concedido quando D. João Manoel, bispo de Coimbra, lhes facultou parte do Bussaco. Apesar de a floresta do Bussaco já ser, desde sempre, admirável, um dos principais objetivos da Ordem foi a plantação de um arvoredo diversificado.
Em 1630, estavam edificadas boa parte das construções desejadas pelos frades, e a sua vida conventual pôde começar normalmente.
Decidimos começar a nossa rota nos Jardins do Bussaco, não por terem relação particular com as temáticas da fundação da Mata ou da Ordem dos Carmelitas Descalços, mas por se encontrarem localizados numa zona central da Mata e por ser um dos seus mais queridos e mais visitados espaços contemporaneamente, para além de que a sua beleza não permitiu que os deixássemos de parte.