TERRA QUEIMADA

3 de Julho / 21h30 / 2022

Capela de Vera Cruz

As tropas francesas aproximam-se, o confronto dar-se-á muito em breve e a população vive momentos de ansiedade e sufoco. ”Queimem tudo” são as palavras de ordem que ecoam entre o povo, sob a voz das tropas anglo-lusas que por Sir Wellington ordenados fazem cumprir a retirada dos habitantes. Era chegada a hora de deixar tudo para trás e ao abandono, havia que deixar a villa deserta e desprovida de mantimentos para que nada restasse que desse recursos de sobrevivência às tropas inimigas. Preparam-se então as nossas inexperientes tropas que, acabadas de formar como que nascidas das cinzas, se posicionam estrategicamente como defesa e suporte à iminente disputa.

Evento Município da Mealhada

Criação Caixa de Palco

Produção NOC Teatro

Ficha Técnica e Artística:

Direção Artística Marta Pires

Dramaturgia e Encenação Joana Sarabando, João Tarrafa e Marta Pires

Produção Filipa Almeida

Elenco João Tarrafa, Marta Pires, Afonso Pires, Tomás Pires, Dinis Binnema

Participação Especial Noémia Machado Lopes, José Machado Lopes, Manuela Fernandes, Jorge Sousa, Francisco Robalo, Ana Mannarino, Ana Soares, Laura Ferreira, Carminda Batista e Elisabete Sousa

Recreadores Históricos António Ramos, Ana Pereira, Carlos Simões e Diogo Manaia

Sonoplastia João Tarrafa

Apoio à sonoplastia Marta Pires

Fotografia de Design Ana Pedro Coleta

Fotografia de Cena Carlos Gomes

Plano de Comunicação, Divulgação e Design Gráfico Ana Pedro Coleta e Tiago Pereira

Ilustração do espaço Francisco Robalo

Design e Operação de luz e som Dino da Costa

Figurinos O Capote – Trajes

Cedência de outros Figurinos e Adereços GEDEPA

Apoio aos Figurinos e Adereços Jimmy Cunha

Maquilhagem e Cabelos Viviana Dallot

Entidades Participantes Aguarela de Memórias, Oficina de Teatro do Cértima e Grupo de Recreação Histórica de Condeixa

Frente Sala Joana Sarabando, Filipa Almeida, Escuteiros da Pampilhosa: Chefe Sandra Forte, Chefe Cláudio Reis, Candidata a Dirigente Maria Trilho, Candidata a Dirigente Cristiana Santos

Apoios Prestados Filarmónica Pampilhosense, Bombeiros Voluntários da Pampilhosa

A Capela de Vera Cruz foi o local escolhido para a encenação do primeiro episódio do projeto Terra Queimada: Invasão e Resistência, selecionado pelo valor simbólico da sua ruína, ao invés de contarmos a história de um acontecimento que tenha, factualmente, ocorrido naquele espaço, como acontece com a grande maioria dos restantes episódios. Queremos com isto dizer que a história que contámos no primeiro episódio não estaria associada a este espaço em específico, mas sim, de modo abrangente, às terras da Pampilhosa, Mealhada, Vacariça e demais freguesias em redor.

 Antes de mais, há que dar explicação pelo título Terra Queimada a quem leigo for sobre as Invasões Francesas, ou a quem não tenha assistido às encenações dos episódios. Este conceito, que se espalhou como título por todo o projeto, vem da Política da Terra Queimada, estratégia de guerra utilizada pelo comandante-em-chefe do exército anglo-luso Lord Wellington que consistiu em solicitar à população portuguesa que abandonasse as suas habitações, destruindo e queimando os recursos que não pudessem ser preservados. Esta logística tinha como pressuposto que as tropas que invadissem um país só conseguissem subsistir à custa dos recursos que saqueassem no seu caminho.

Há quem acredite que esta estratégia dificilmente seria aceite por outro povo que não o português, pela implicância de que os efeitos posteriores se iriam repercutir não só pelo exército invasor, mas também pela população invadida. Opiniões à parte, o facto é que a Política da Terra Queimada foi responsável pela vitória dos anglo-lusos contra os franceses, que na altura tinham o exército mais formidável de todo o mundo, liderados por um dos mais lendários estrategas da História mundial: Napoleão Bonaparte.

 Sobre a Capela de Vera Cruz propriamente dita, sabemos que é a mais antiga capela edificada na Pampilhosa e que há época da história que contámos, seria a “entrada” da Pampilhosa; terá nascido no meio de terrenos agrícolas, durante o primeiro quartel do séc. XV, “num ermo” onde as vinhas e as oliveiras assumiam a proeminência na paisagem. Implantada em zonas de cultivo, a meio caminho entre Pampilhosa e Larçã, esta capela foi tema de prolongadas quezílias, logo após o seu aparecimento, motivadas por questões relacionadas com direitos de propriedade e de jurisdição, que envolveram especialmente os responsáveis do mosteiro de Lorvão e alguns habitantes das povoações circundantes à capela.

Há outro facto que ganha um contorno curioso sob o olhar do nosso presente: situada na entrada de uma localidade, a Capela era frequentemente utilizada como um local de isolamento para pessoas potencialmente contagiadas por qualquer espécie de vírus, doença ou peste, para que não se corresse o risco de esse potencial doente infetar a população da região.